quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Equipe em 2010

Equipe da Área de Língua Portuguesa

Aline Aparecida Dorea Passos
Ellen Gonzaga Oliveira
Fernanda da Silva Ceia Nocchi
Julia Pereira Marques da Silva
Maria Tereza Lopes da Silva
Rosiane Quintanilha Campos Bitencourt
Thays de Abreu Bartolazzi
Valdinéia Aparecida Ferreira Rodrigues


Equipe Diretiva

Jacira Nunes da Silva
Marlene Barboza Rocha
Mary Cristina do Couto Faria Cabral
Rosinei Soares dos Santos

Equipe em 2008

Professoras:

Carla Rios Cáffaro
Ellen Gonzaga Oliveira
Fernanda da Silva Ceia Nocchi
Julia Pereira Marques da Silva
Lília Pires de Almeida
Maria Tereza Lopes da Silva
Rosiane Quintanilha Campos
Valdinéia Aparecida Ferreira Rodrigues

Orientadoras Pedagógicas:

Regina de Oliveira Ferreira Ramos
Rosinei Soares Pereira dos Santos

Projeto de Leitura - Versão 2009 - Sou leitor com muito prazer

O Projeto de Leitura “Sou leitor com muito prazer” foi reapresentado aos docentes em junho de 2009 pela professora Valdinéia Aparecida Ferreira Rodrigues. Antes da reapresentação, houve um momento descontraído, na quadra da escola, em que as professoras idealizadoras do Projeto fizeram um trabalho com os outros profissionais baseado no poema de Carlos Drummond de Andrade, “No meio do caminho”. A intenção era sensibilizar os profissionais para não considerarem o Projeto como uma “pedra no meio do caminho” e sim encará-lo como um aliado no trabalho pedagógico.

Novamente, oficinas de leitura foram oferecidas aos profissionais. Desta vez, em vez de dividir-se o grupo de presentes para a participação nas oficinas, optou-se por todos participarem das oficinas, que foram colocadas em prática do auditório da escola. Mais uma vez, as docentes da área de Língua Portuguesa levaram aos colegas de trabalho o prazer da leitura, sempre destacando a variedade de gêneros textuais e os veículos que os concretizam: entrevista, carta, música, filme, pintura, jornal, revista, fotografia, internet.

Ler devia ser proibido

LER DEVIA SER PROIBIDO[1]
Guiomar de Gramont[2]

A pensar a fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido. Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madamme Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram, meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tornou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-os em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade cotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-lo com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas, para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem necessariamente ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

Além disso, o livro estimula os sonhos, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas.

É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, podem levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção do progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, podem estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos, em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista da sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais, etc. observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. É esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há correntes, prisões tampouco. O que pode ser mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender

Além disso,

Ler pode tornar o homem perigosamente humano.


[1] Texto publicado, originalmente, em “A formação do leitor: pontos de vista”; organizado por Jason Prado e Paulo Condini; editora Leia Brasil, 1999.
[2] Guiomar de Gramont é escritora e professora de Filosofia no Instituto de Filosofia, Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto; escreveu “Corpo e sangue”.

Projeto de Leitura - Versão 2008

O Projeto de Leitura passou a existir como texto norteador da prática da leitura na escola a partir de 2008. A apresentação do Projeto para a comunidade escolar foi pensada e definida pela equipe de Língua Portuguesa e pela equipe pedagógica. O texto “Ler devia ser proibido”, de Guiomar de Gramont, foi escolhido como fonte de inspiração para o Projeto e como ponto de instigação e reflexão para os professores.

Rosiane, Rosinei, Regina, Julia, Carla,
Valdinéia, Tereza, Lília, Ellen e Fernanda

Antes da apresentação do Projeto de Leitura para todos os profissionais da escola, versão 2008, feita pela professora Ellen Gonzaga Oliveira, vários textos foram dinamizados por professoras da área de Língua Portuguesa (leitura expressiva e dramatização) para o deleite dos profissionais presentes. Destacou-se, na ocasião, que a prática da leitura deveria acontecer de maneira prazerosa para os envolvidos. A variedade de gêneros textos também seria priorizada, textos sob todas as formas: escritos, visuais, auditivos etc. Além disso, constatou-se que a regularidade do “Momento de Leitura”, designação do momento da prática de leitura, contribuiria para a formação de um grupo (alunos, professores e demais funcionários) leitor e, consequentemente, produtor.

Diversas oficinas foram realizadas pelas docentes para estimular os demais na retomada do Projeto de Leitura. Tais oficinas abordaram gêneros textuais com ludicidade: música e jornal; poema/poesia; narrativa; imagem e publicidade; histórias em quadrinhos. Os “Momentos de Leitura” aconteciam semanalmente (por escala de dias: a cada semana, um dia diferente), no primeiro tempo de aula, com envolvimento de todos: alunos e professores em sala de aula; demais profissionais espalhados pela escola.

Sobre projetos de desenvolvimento da leitura e escrita

SOBRE PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA
(ou a luta pela formação de leitores-produtores)

Manoel M. de Santana Filho
Prof. de Geografia

Pensar atividades de leitura e escrita parece-nos uma tarefa já intrínseca às atividades escolares. No entanto, há muito mais o que se pensar e fazer a respeito dessa responsabilidade, bem mais complexa do que comumente se pratica. Este texto tem a intenção de provocar o debate a partir de algumas conversas e ideias que ganharam essa sistematização. Havendo interlocução, esperamos alcançar melhor entendimento e mais clareza sobre o nosso trabalho e, claro, cumplicidade e propostas eficazes de ação.

“O aluno fulano não sabe escrever nem ler, estranho que ele tenha passado nas séries anteriores”. Esta frase, tão comum nas salas dos professores, precisa ser ouvida com uma atitude fundamental: espanto! Cultivar o hábito de espantarmo-nos com as falas que revelam a condição dos nossos alunos, e agindo com a necessária reflexão e questionamentos, cumprir com a responsabilidade ético-política de educador.

Outra atitude que nos parece importante é o inconformismo! A constatação e a reflexão quanto às dificuldades dos alunos para a leitura e para a escrita, espera-se, produzam nos profissionais responsáveis por sua educação, intensa mobilização, ação esperançosa e firme propósito de fazer a diferença com seu trabalho e contribuição (ainda que com limitações!). Esse investimento na superação de tais dificuldades/necessidades é uma forma de melhorar os processos de ensino-aprendizagem e, por consequência, buscar o prazer e a satisfação de educar.

Nada de autoflagelo ou ativismo individual! É importante que esse enfrentamento seja um trabalho coletivamente assumido e desenvolvido, senão, corre-se o risco de produzir mais desencanto e solidão, ou de reinventar a roda. Tempo a perder é o que a escola não tem quando se trata de educação para as camadas populares, para quem convive conosco nas escolas públicas.

E interessante observar algumas condições e passos importantes ao iniciar a elaboração de propostas para atividades de leitura e escrita. Vejamos algumas:

- Estabelecer o entendimento do que é LEITURA e ESCRITA. Quais são as distintas conceituações e abordagens; qual das compreensões é mais adequada à realidade e cabe à escola desenvolver?[1]; quais são as formas de realizar a tarefa nas distintas áreas do ensino escolar?
- Reconhecimento do contexto da unidade escolar (as necessidades, as características dos alunos, condições de acesso a material de leitura, contato com as famílias etc.). O que os profissionais da escola têm clareza? O que deve ser objetivo imediato, de médio e de longo prazo?
- Tomar consciência dos recursos e possibilidades da unidade escolar para enfrentar a questão e desenvolver projetos (estrutura, recursos humanos e materiais, apoio das famílias, parcerias e associações possíveis).
- Recolher ideias e propostas dos profissionais da escola com o tema “Projeto de Formação de Leitor e Produtor de Textos”. Pode ser feito reunindo profissionais por turmas, série ou ciclo, conforme o número de professores envolvidos e a organização da escola.
- Procurar, sinceramente, desenvolver projetos temáticos envolvendo diferentes disciplinas e menos por trabalhos isolados. Evitando-se, assim, a sobrecarga de atividades para os alunos, possibilitando o debate entre os profissionais e a integração entre eles, dá-se, ainda, exemplo de trabalho coletivo no ambiente escolar (produção do conhecimento).
- Escapar de avaliações formais do projeto. A produção alcançada deverá, em justa medida, evidenciar o crescimento dos envolvidos.

As ideias propostas não ignoram nosso volume de trabalho e as múltiplas cargas horárias, nem a desesperança que marca boa parte da juventude que encontramos na sala de aula. Há apatia, imobilismo e desesperança também entre professores – o que é mais grave! Talvez por isso, justamente, é que há urgência para que situações como estas sejam enfrentadas bravamente, com a devida radicalidade. Ainda que possa parecer demorado seguir o caminho sinalizado aqui, sendo os professores também leitores, propomos no máximo três reuniões em que cada um traga sua efetiva contribuição já previamente elaborada. Assim, será possível chegar a propostas concretas e viáveis.

Por fim, é fundamental acreditar na possibilidade de a escola formar leitores produtores de textos, quiçá, em múltiplas linguagens e, claro, sujeitos de seus caminhos e escolhas na vida. Uma maneira de trabalharmos pela formação de cidadãos capazes de prescindir das cotas, das avaliações de desempenho ou qualquer benevolência do sistema porque se sabem criadores, portadores de autonomia.

21 de fevereiro de 2003.


[1] No que diz respeito à escola, é importante não esquecer que uma de suas funções importantes é desenvolver habilidades e competências para o domínio do texto escrito, em suas variadas modalidades e estilos, da prática da leitura e da argumentação.

Como e quando surgiu

O Projeto de Leitura, idealizado em 2003, é parte integrante e indispensável do Projeto Político-Pedagógico da Escola, em fase de elaboração naquele momento. Durante o diagnóstico das necessidades da comunidade escolar, a prática da leitura e, consequentemente, da escrita, evidenciou-se como base para a formação de alunos e professores leitores e autores, não apenas de textos, mas também de visões de mundo.
No dia 21 de fevereiro de 2003, o professor Manoel Martins de Santana Filho escreveu um texto incitando os professores da escola a lutarem pela formação de leitores-produtores.
De fevereiro a abril de 2003, os educadores reuniram-se a fim de elaborarem o Projeto de Leitura. Muitos participaram sugerindo objetivos de médio a longo prazo e propondo temas e subtemas (de acordo com as séries escolares) para as atividades a serem realizadas durante o ano letivo. O tema gerador foi “Leitura” e o slogan era “Ler é ter o mundo em suas mãos”.
A culminância da versão do Projeto de Leitura em 2003 aconteceu em novembro com a exposição dos trabalhos desenvolvidos durante todo o ano letivo: mostra de trabalhos, incluindo telas produzidas pelos alunos, sobre a vida e a obra de Portinari e Vinícius de Morais; produção de cinema, jornal-mural e apresentações musicais, além de danças e recital de poesia.